sábado, 22 de agosto de 2009

Elementos

Escrever neste espaço sobre príncipios, base, fundamentos, experiências, procedimentos ou qualquer outro meio de conhecimento, ainda que profundo, seria muito pouco perto do que deve ser percebido e não pode traduzir-se em palavras mortas.

Resolvi então utilizar as linhas que a mim condicionaram para tentar mexer com algo constantemente tratado por nós (pessoas interessadas em meio ambiente, natureza e formas sustentáveis, equilibradas e harmônicas de viver a vida) e que insiste em algumas vezes permanecer no plano apenas visual ou falado.

Ultimamente desisti de lutar. Escolhi viver a ficar lutando inconscientemente e isto tem me trazido resultados mais proveitosos e ricos dentro de mim. Não lutar, além de fazer com que trabalhemos energias necessárias dentro de nós, poupando e canalizando, traz equilíbrio. O único requisito é o comprometimento com a verdade, mas uma sinceridade real, sem encantamentos, alumbramentos, magias, ou forças além-naturais do dia a dia que os olhos podem ver e o coração sentir. Quando nos deparamos com algo ou alguém que mexe conosco, mesmo não sabendo o sentido do que isto pode nos proporcionar, a maneira como encaramos o fato faz toda diferença na forma com que lidaremos com o mesmo dali adiante.

Descobrir a permacultura, a biconstrução, ecovilas ou, mais abertamente, a natureza - a nossa inclusive - é uma tarefa satisfatória e que, no Brasil, exige um esforço talvez maior do que em outras regiões deste planeta; nem por isso devemos nos achar pessoas especiais, diferenciadas, melhores ou mais iluminadas. A luz também contém sombras, pode cegar quando olhamos demasiadamente em sua direção e chega a nos fazer mal em certos momentos. Saber lidar com esses relampejos é a maior tarefa que temos nesse caminho, evitando assim a iludida lucidez. Então, depois de descobertas as ferramentas da natureza (como a nossa permacultura) o importante além de estudá-las e praticá-las, é observá-las. Conheço locais que praticam permacultura todo dia e que apenas observam alguns fenômenos na própria terra há mais de cinco anos sem qualquer forma de interferência. Praticar a observação é um exercício ainda maior e rico que trabalha muito da paciência do ser humano. Experimente observar, mesmo que um impulso bata à porta da percepção, ouça o outro lado, a outra luz que ainda não se apagou, que controla o impulso de sair fazendo coisas, tomando atitudes e praticando ações enérgicas; é essa força luzente que muitos de nós têm adormecida e quando despertada leva ao equilíbrio, não só da relação homem-natureza, homem-terra, homem-permacultura, homem-homem, mas também a relação do eu-homem.

E por mais religiões, rituais, parâmetros, estereótipos ou conhecimetos dominados por nós há sempre algo novo a aprender. Abrir a cabeça e o coração é importante para quem tem o íntimo e infinito desejo de contemplar a natureza como forma de vida. Começar a trabalhar e viver diariamente na natureza exige que estejamos abertos; abrir-se no sentido de absorver o que está sendo conhecido, observado e praticado de forma natural e, depois de absorvido, esperar.

"A paciência é a essência da ciência da paz." Creio ser esta a parte da permacultura, bioconstrução, ecovila, educação Gaia e Waldorf, economia solidária, meditação, contemplação ou religião que as pessoas mais esquecem ao longo dos dias e fazem com que o aprendizado muitas vezes se torne superficial. E isso também vale para outros aspectos mais íntimos do ser humano. O que vale mesmo é a essência dessa paciência e paz, preservada e às vezes escondida, que deve prevalecer e ser mantida como chama e luz infinitas em nosso GRUPEECO (Universo).


2 comentários:

  1. Gostei muito do Texto.... é exatamente sobre o que venho pensando nas últimas semanas... Desisti de Lutar por certas coisas... não desistir totalmente...mas não colocar muita ênfase em certos aspectos e acabar por não fazer nada de nada!! Querer Salvar o Mundo é bem perigoso...é impossível no contexto geral...é estranho e não gera muitos frutos! Decido então agir micropoliticamente.. prefiro sensibilizar 3 pessoas a meu redor (com minha forma de vida) que ficar tentando sensibilizar 1 milhão com palavras e não mostrando na prática como diminuir nosso impacto ambiental sobre a Terra! É isso que a Permacultura propõe!! A Permacultura é modo de viver...é estilo de vida...é "Contracultura"... é Cultura permanente! Em cada gesto, em cada ato! Tenho muito a aprender! Tenho muito a compartilhar!

    (Desabafo)

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  2. Gostei muito do seu blog e gostaria de lhe convidar a fazer parte da minha rede, através do Google+. Um abração.

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Devaneias